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Análise: Vice da Sul-Americana deixa o Atlético-MG diante de um futuro incerto — e mais preocupante

Jogadores lamentam derrota na final da Sula
Foto: JOSÉ BOGADO / AFP

A derrota nos pênaltis para o Lanús, no Defensores del Chaco, não tirou apenas o título da Copa Sul-Americana das mãos do Atlético-MG. O revés deste sábado (22) também empurrou o clube para um 2026 ainda mais nebuloso — dentro e fora de campo. 

Em Belo Horizonte, de Vespasiano à Cidade do Galo, a sensação é de que o vice coloca em xeque todo o planejamento financeiro e esportivo do projeto alvinegro.

O que o título mudaria

A conquista da Sul-Americana garantiria ao Galo vaga direta na fase de grupos da Libertadores, algo praticamente inalcançável pelo Brasileirão — projeção da UFMG indica menos de 1% de chance. Além de prestígio continental, a vaga renderia premiações, aumento de bilheteria e exposição internacional — um combo que ajudaria a aliviar o caixa em 2026.

Sem essa receita, o Atlético continua preso ao mesmo ciclo que vem sufocando o clube: uma dívida superior a R$ 1,4 bilhão, que nem a transformação em SAF conseguiu estabilizar. 

O Galo segue dependente de um novo aporte financeiro, mas o cenário atual — três finais perdidas no ano e risco de ficar fora da Libertadores pela segunda temporada seguida — reduz o apelo para investidores.

Muzzi de saída e uma SAF em xeque

O fim de 2025 marcará também a saída do CEO Bruno Muzzi, que não obteve sucesso no controle da dívida nem na captação de novos investidores. Ele fará a transição para um novo executivo — nome ainda mantido em sigilo — que assume em janeiro de 2026 com uma missão direta: reorganizar as finanças e atrair capital.

A equação é simples, mas dura: sem dinheiro novo, não há reestruturação. Sem reestruturação, o futebol segue engessado. E quanto mais o time perde protagonismo no continente, mais difícil se torna vender o projeto.

2026 deve começar com cortes e elenco mais barato

O futuro imediato aponta para uma reviravolta financeira: corte de gastos, menos contratações de impacto e mais uso da base — algo que remete aos primeiros meses de Sampaoli no clube, ainda em 2020. 

O treinador argentino garantiu que permanece até o fim de seu contrato, mas o elenco deve ser profundamente modificado.

A folha salarial atual está entre as cinco maiores do país. A aposta ousada de 2025, com contratações de atletas de alto custo como Rony e Júnior Santos, não deu retorno técnico. A pressão por redução será inevitável.

Hulk, futuro incerto e um ciclo que pode se encerrar

Ídolo máximo do Atlético no século, Hulk vive talvez seu momento mais delicado desde que chegou. Com contrato até dezembro de 2026 e prestes a completar 40 anos, o atacante desperta dúvidas sobre continuidade — ainda mais após desperdiçar um dos pênaltis da final. A decisão será tratada com cuidado, mas o cenário indica que nada está descartado.

Um Galo que volta para casa com mais perguntas do que respostas

A memória recente do torcedor atleticano conhece bem o ciclo de reconstruções. A primeira passagem de Sampaoli, marcada por mais de 20 saídas e 11 chegadas, abriu o caminho para o título brasileiro de 2021. Agora, o desafio é diferente: faltará dinheiro, mercado e tempo.

No retorno a Belo Horizonte, o Atlético precisa repensar tudo: futebol, orçamento, imagem e ambição. O vice-campeonato continental, em vez de consolo, escancara que 2026 começa com o Galo caminhando sobre uma corda bamba.

Entre o aperto financeiro e a busca por investidores, o clube vive um dos momentos mais decisivos de sua história recente. E, da Cidade do Galo, a esperança é que a turbulência não apague o que o torcedor conhece tão bem: a capacidade de renascer.

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