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| Hulk fica no chão em lance da final da Sul-Americana entre Atlético-MG e Lanús PELAEZ BURGA/Imagem |
A perda do título da Copa Sul-Americana para o Lanús, em uma dramática disputa por pênaltis no Defensores del Chaco, deixou mais do que o gosto amargo do vice.
Para quem acompanha o dia a dia desde a Cidade do Galo, até o ArenaMRV, fica claro que o resultado expõe camadas distintas de avaliação: enquanto a gestão e parte da cúpula alvinegra encaram o desfecho como “aceitável” dentro do contexto estrutural do elenco, a torcida — essa força que empurra o clube até fora do país — sente a frustração de ver mais uma chance continental escapar.
Decisões, detalhes e a falta de um “resolvedor”
O futebol continental, especialmente em finais equilibradas, costuma ser decidido por detalhes — e, muitas vezes, por talento individual. A lembrança de ídolos eternos como Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli pairou sobre a análise pós-jogo: faltou alguém capaz de transformar uma bola perdida em gol, de desequilibrar, de assumir o protagonismo nos minutos mais pesados.
A leitura interna não fala em “falta de sorte”. A conclusão é mais dura: faltou excelência nos momentos de maior pressão. E isso pesa ainda mais quando o elenco não apresenta, nesta fase, jogadores com o poder de definição que marcaram outras gerações vitoriosas do Galo.
O momento delicado de Hulk
Ícone máximo do Atlético nesta década e nome incontestável na história do clube, Hulk viveu uma queda técnica visível na reta final da competição. O atacante, tão decisivo desde que chegou a Belo Horizonte em 2021, demonstrou desgaste — físico, emocional e talvez estratégico dentro do modelo atual.
Seu desempenho ficou abaixo do que o torcedor está acostumado a ver. No momento em que o time mais precisava de uma referência agressiva, o camisa 7 não conseguiu entregar o volume e a precisão que o transformaram em lenda viva. Isso, inevitavelmente, impactou o poder ofensivo atleticano na final.
Sampaoli e o dilema que vai além do campo
A situação envolvendo Hulk colocou Jorge Sampaoli diante de um dilema que extrapola a tática. Tirar um ídolo do time titular, em jogo de título continental, é uma decisão que mexe com vestiário, diretoria, imprensa e, claro, com o imaginário da Massa Atleticana.
Manter Hulk em campo, mesmo em fase técnica abaixo, pode ser interpretado como uma decisão de proteção institucional.
Porque, sejamos sinceros: um vice-campeonato com Hulk no banco teria repercussão explosiva em Minas Gerais. Ao escalá-lo, Sampaoli absorve parte do impacto e desloca o discurso pós-jogo para elementos como “fatalidade dos pênaltis” ou “detalhes”.
Esse tipo de escolha é determinante na avaliação sobre o técnico — e pode pesar na construção do elenco e no comando da equipe a partir de Vespasiano, onde o planejamento de 2026 já começa sob forte pressão.
Conclusão: uma derrota que abre mais perguntas do que respostas
O vice-campeonato não é apenas um tropeço esportivo. É um espelho que reflete limitações técnicas, ausências de protagonismo e dilemas que não se resolvem apenas com discursos.
Da Cidade do Galo ao coração da torcida em Minas, a sensação é que o Atlético-MG sai do Paraguai com um alerta aceso: decisões difíceis precisarão ser tomadas, e o próximo ciclo exige frieza, estratégia e coragem.
A Sul-Americana escapou — mas o maior desafio agora é internalizar suas lições. Porque, em Belo Horizonte, nada dói mais para o atleticano do que enxergar que o time teve a chance nas mãos… e deixou escapar nos detalhes.

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