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| Atlético-MG instalação do gramado sintético na Arena MRV — Foto: Divulgação/Atlético |
O primeiro ano do Atlético-MG com gramado sintético na Arena MRV terminou com números que chamaram a atenção da torcida. Ao mesmo tempo em que o Galo registrou o pior aproveitamento da sua história no estádio, o futebol brasileiro vive um debate intenso sobre o uso da grama artificial, liderado por alguns dos principais jogadores do país.
Dentro e fora de campo, o tema ganhou força e passou a ser discutido não apenas por dirigentes, mas também por atletas, que questionam os impactos do piso sintético no desempenho, no espetáculo e na saúde física.
Atlético-MG tem pior aproveitamento na Arena MRV com gramado sintético
O Atlético-MG adotou o gramado sintético em 2025, após enfrentar problemas recorrentes com a grama natural nos dois primeiros anos da Arena MRV. A expectativa era transformar o campo em um aliado, como ocorre com outros clubes que utilizam o chamado “tapetinho”. No entanto, o efeito foi o oposto.
Em seu primeiro ano com o piso artificial, o Galo fechou a temporada com o menor aproveitamento já registrado na Arena MRV.
- 25 jogos disputados
- 13 vitórias
- 7 empates
- 5 derrotas
- 41 gols marcados
- 24 gols sofridos
- 61,3% de aproveitamento
O desempenho ficou abaixo dos anos anteriores, quando o estádio ainda contava com grama natural.
Comparativo do desempenho do Atlético por temporada na Arena MRV
- 2023: 9 jogos – 7 vitórias e 2 derrotas – 78% de aproveitamento
- 2024: 33 jogos – 19 vitórias, 9 empates e 5 derrotas – 66,6% de aproveitamento
- 2025: 25 jogos – 13 vitórias, 7 empates e 5 derrotas – 61,3% de aproveitamento
Derrotas em jogos decisivos aumentaram a pressão
Apesar de ter perdido apenas cinco partidas em casa, três delas ocorreram em momentos decisivos. Contra Bucaramanga e Flamengo, pela Copa Sul-Americana e Copa do Brasil, o Atlético precisou decidir as vagas nos pênaltis após resultados fora de casa.
Já diante do Cruzeiro, também pela Copa do Brasil, a derrota na Arena MRV se somou ao revés no Mineirão e culminou na eliminação do Galo.
Com Sampaoli, desempenho em casa foi mais consistente
O cenário foi diferente sob o comando de Jorge Sampaoli. O treinador argentino, que historicamente tem bom desempenho como mandante, perdeu apenas uma vez na Arena MRV em 2025, no duelo contra o Palmeiras.
Com ele, o Atlético emendou uma sequência de 11 jogos sem derrota em casa, somando:
- 7 vitórias
- 5 empates
- 1 derrota
Jogadores lideram movimento nacional contra gramado sintético
Enquanto o Atlético-MG busca respostas internas, o futebol brasileiro vive um movimento nacional contra o uso do gramado sintético. Em 2025, atletas de grande representatividade iniciaram um protesto público nas redes sociais.
Nomes como Neymar, Lucas Moura, Thiago Silva, Gabigol, Philippe Coutinho e Gerson divulgaram mensagens questionando a qualidade do piso artificial e cobrando participação dos jogadores nas decisões.
Principais críticas dos jogadores ao gramado sintético
- Prejuízo à fluidez e ao espetáculo do jogo
- Maior desgaste físico
- Risco aumentado de lesões em joelhos e ligamentos
- Excesso de calor na superfície
- Diferença em relação às ligas europeias, que priorizam grama natural
Em um dos manifestos, os atletas foram diretos: “A solução para um gramado ruim é fazer um gramado bom, simples assim”.
Neymar se recusa a jogar em gramado sintético
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| Neymar faz post no story do instagram criticando o gramado sintético da Arena MRV. (Foto: Divulgação/ Instagram |
Um dos casos que mais repercutiram foi o de Neymar. Em seu retorno ao futebol brasileiro, o atacante deixou claro à diretoria do Santos que não atuará em estádios com gramado sintético, visando preservar o joelho esquerdo e evitar novos problemas físicos.
A posição do camisa 10 reforçou ainda mais o debate e ampliou a pressão sobre clubes que utilizam esse tipo de piso, mesmo com certificação da FIFA.
Atlético-MG no centro de um debate que divide o futebol brasileiro
Entre números abaixo do esperado na Arena MRV e a crescente resistência de jogadores ao gramado sintético, o Atlético-MG se vê inserido em um debate que vai além do clube.
Enquanto algumas equipes defendem a tecnologia como solução logística, atletas pedem qualidade, segurança e participação nas decisões. Para o Galo, a discussão passa a ser também esportiva: entender se o piso realmente favorece o desempenho ou se ajustes serão necessários no futuro.
Não estou aqui afirmando que o gramado sintético é a causa das lesões, mas é preocupante observar a recorrência de lesões e a queda no rendimento dos jogadores na Arena MRV. É fato que o Atlético-MG registrou seu pior aproveitamento (ou desempenho) na Arena MRV desde a instalação do gramado artificial. E essa discussão sobre o gramado nos leva a outra crítica:
Assim como criticam a grama sintética, há muitos 'jogadores sintéticos' que existem pelo Brasil, inclusive no Atlético-MG, no Santos e em outros clubes – aqueles que não têm talento natural, parecem fabricados e não entregam o futebol verdadeiro. Talvez os jogadores bons devessem atuar no gramado natural e os sintéticos, nos campos sintéticos.
O tema promete seguir em pauta, dentro e fora dos gramados.
📋 Jogadores do Atlético-MG que se lesionaram na Arena MRV
⚽ Júnior Santos
O caso mais grave até o momento. O atacante sofreu uma lesão traumática no púbis durante a partida contra o Mirassol, pelo Campeonato Brasileiro, disputada na Arena MRV. Júnior Santos caiu no gramado sentindo fortes dores e não conseguiu mais apoiar a perna.
Após exames realizados na Cidade do Galo, foi confirmada a necessidade de cirurgia, o que encerrou de forma precoce a temporada do jogador. A ausência representou uma baixa importante para o setor ofensivo do Atlético em um momento decisivo do calendário.
⚽ Alexsander
O volante se lesionou no joelho direito durante a vitória do Atlético-MG sobre o Bolívar, pela Copa Sul-Americana, também na Arena MRV. Ele precisou ser substituído ainda durante a partida e ficou afastado por algumas semanas, sendo tratado de forma conservadora pelo departamento médico.
⚽ Lyanco
O zagueiro sofreu uma lesão grave no tendão de Aquiles, que o afastou por longo período dos gramados, com retorno previsto apenas para a temporada seguinte. A lesão foi diagnosticada em um período que incluiu partidas disputadas na Arena MRV, o que também colocou o estádio no centro das discussões.


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