![]() |
| Reinado comemorava seus gols com o punho cerrado – Foto: Reprodução / Galo360 |
O ex-atacante Reinaldo, um dos maiores ídolos da história do Atlético-MG e do futebol brasileiro, teve um capítulo importante de sua trajetória finalmente reconhecido. O Conselho de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania confirmou, por decisão unânime, que o ex-jogador foi vítima de perseguição política durante o período da ditadura militar no Brasil. Com isso, além do perdão oficial, o governo federal concederá ao atleta uma indenização de R$ 100 mil.
O julgamento ocorreu na última terça-feira (2), em Brasília, durante uma sessão que analisou 21 processos de anistia. A decisão reforça uma batalha que atravessou décadas e que marcou profundamente a vida pessoal e profissional do eterno camisa 9 atleticano.
✊ Perseguição, punições e silenciamento
Reinaldo ficou conhecido não apenas pelos gols, mas também por sua postura firme contra os abusos do regime militar. Sua emblemática comemoração com o punho cerrado virou símbolo de resistência em plena ditadura, gesto que, segundo ele, desencadeou uma campanha de perseguição conduzida por setores do governo da época.
Em depoimento ao Conselho, o ex-jogador relembrou que foi alvo de ataques que buscavam manchar sua reputação, além de ter sido prejudicado dentro de campo. Ele afirma que sua posição política teria influenciado diretamente na decisão da CBF em não convocá-lo para mais oportunidades na Seleção Brasileira, mesmo vivendo grande fase.
Reinaldo destacou que a violência praticada contra opositores do regime não se limitava à força física: “Eles criavam operações para destruir a imagem, tirar a dignidade e isolar as pessoas que representavam qualquer forma de contestação”, afirmou.
🎙️ Reinaldo se emociona ao ter sua história reparada
Aos 68 anos, o ex-atleta compareceu à sessão e não conteve as lágrimas ao falar sobre as marcas deixadas pelo período. Em seu discurso, lembrou tanto da carreira brilhante no Atlético-MG quanto das dificuldades enfrentadas fora dos gramados.
“Eu sou o Reinaldo. Muitos me conhecem pelo que fiz no futebol, mas poucos sabem das lutas silenciosas que precisei travar. Tentaram calar minha voz, diminuir minha força. Essa violência que atinge a honra e a dignidade deixa cicatrizes que não aparecem, mas ficam para sempre”, declarou o ex-jogador.
Visivelmente emocionado, reforçou que o reconhecimento oficial representa um passo importante não apenas para ele, mas para todas as vítimas de perseguição política no país. “É uma reparação que toca a alma”, completou.
🐓 A trajetória do Rei: ícone máximo do Galo
Considerado por muitos torcedores como o maior jogador da história do Atlético-MG, Reinaldo vestiu a camisa alvinegra entre as décadas de 1970 e 1980. Foram 12 anos de brilho, liderança técnica e protagonismo, com oito títulos do Campeonato Mineiro e uma das maiores médias de gols da história do clube.
Na Copa do Mundo de 1978, mesmo limitado fisicamente, mostrou talento e personalidade pela Seleção Brasileira, confirmando seu status de craque nacional.
📌 Reconhecimento chega tardiamente, mas chega
O julgamento do Conselho de Anistia encerra uma espera que durou mais de quatro décadas. A decisão valoriza não apenas a importância histórica de Reinaldo no futebol, mas também sua coragem em enfrentar um período de repressão política no Brasil.
Para a torcida atleticana — especialmente em Belo Horizonte e nas regiões metropolitanas como Vespasiano e Cidade do Galo — a homenagem reforça ainda mais o legado de um dos maiores símbolos do clube.
Reinaldo segue sendo, dentro e fora de campo, sinônimo de resistência, talento e identidade do Atlético-MG.
.jpg)
%20(4).jpeg)
0 Comentários